É
imperioso, isso precisa ser interrompido. Os vazamentos de ligações são uma
afronta ao nosso direito constitucional de não termos escrúpulos ou
posicionamentos profundos e fundamentados.
Felizes aqueles brasileiros de outrora que, diante de uma crise qualquer,
podiam eleger seus “messias” sem medo de eles aparecerem ligados a uma
construtora, empreiteira, mercearia ou carrocinha de pipoca. Naquela época,
mantinham-se intactas a moral e a ordem dos novos heróis. Hoje não se respeita
mais nada, a televisão insiste em mostrar esses mecanismos políticos, exibe em
horário nobre a destituição de nossos heróis, que desabam como castelos de
cartas.
O
que vai ser mais à frente? Gravações? Gravações mostrando como o povo deixa de
atravessar na faixa de segurança por alguns metros; ou como estacionam em vagas
proibidas e não utilizam o cinto; quem sabe os abusos em coletivos públicos; os
jeitinhos para obter um lugar privilegiado em algum serviço público. Essa onda
de gravações pode cometer o maior dos crimes: demonstrar que grande parte da
política brasileira preenche suas horas de expediente na capital nacional,
lindamente arquiteta pelo saudoso Oscar Niemeyer, cosendo acordos políticos – como
diria minha avó e a velha e esquecida gramática –, engenhando coligações e estabelecendo
maneiras de perpetuar-se no poder, negligenciando toda e qualquer atividade
destinada ao bem-estar social.
Precisamos
combater essa onda de revelações danosas, manter a integridade de nossa gente,
validar toda nossa recente indignação para com “alguns” mandatários políticos. As
recentes gravações ameaçam a todos, se não combatermos essa atrocidade,
corremos o risco de, em uma noite qualquer, descobrirmos que a política
brasileira é reflexo direto de seu povo. Afinal, ninguém quer ter vazadas as
reclamações em ter que sair do almoço do domingo para ter que votar.
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