Discernimento,
palavra relativamente longa e igualmente pouco usual no dia a dia, porém
extremamente importante para a vida. O ato de discernir, talvez, venha a ser a
prova irrefutável de autoconhecimento, de tranquilidade, de se saber como
indivíduo. Sim, passamos boa parte da vida - na verdade, toda a vida –
procurando saber quem somos e o que realmente desejamos. Existem aqueles que
não trocam por nada no mundo uma boa e velha comidinha caseira, um arroz e um
feijão recém feitos são mais do que o suficiente para compor um delicioso
buffet. Entretanto há aqueles que optam por pratos mais elaborados, aguardam
horas ansiosamente por uma boa e recheada lasanha. Não há um certo ou errado,
apenas escolhas. Logo, discernimento para realizá-las passa a ser subsídio
básico para uma vida.
O
todo do mundo, em sua grande maioria, trata-se de uma questão de escolha.
Apesar de parecer algo fácil, escolher exige uma gama imensa de atribuições e
qualidades. Aquele que escolhe, primeiramente, precisa saber o que realmente
deseja. Para saber o que realmente deseja, é preciso, antes de mais nada,
autoconhecimento. Autoconhecimento é possuir claro em sua mente o que considera
como prioridades para si mesmo. Nunca esquecendo de que algumas escolhas, por
questões óbvias de bom convívio social, não devem entrar em pauta, como matar
ou não alguém, incluindo o colega de serviço ou de aula que acidentalmente
deletou todo um arquivo com um trabalho fruto de meses de esforço.
Em
inúmeros momentos, acreditamos que a resposta aos nossos problemas está na casa
ao lado, no que o outro fez quando estava diante da mesma situação, no que os
outros pensam que deveria ser feito nessa mesma situação ou, simplesmente, no
que suspeitamos que a sociedade faria em nosso lugar. O que relutamos para
entender e aceitar é que a resposta correta está dentro de nós, assistindo a
nossas decisões todos os dias, vivendo nossas escolhas; esquecemos de que somos
senhores de nós mesmos, arcamos com todas as consequências de nossos atos,
vivemos com nossas escolhas, isolados e sozinhos. Talvez o segredo de tudo seja
realmente o discernimento de compreender o que nos faz bem, o que permite que
possamos seguir, nem certo nem errado, apenas o que julgamos correto para nós,
não para o mundo; uma vida, uma cabeça.
Discernir
não tem idade para começar, não possui proibição, exige apenas disposição para
se desnudar diante do espelho, retirar as
camadas e camadas de aparências, de máscaras, de atuações, de receios, de
adequações; exige sinceridade consigo mesmo. No final, sempre existirá uma
predileção, um preferir, um considerar melhor; arroz com feijão ou lasanha são
apenas opções, nem melhores e nem piores. Se conseguir enxergar a você mesmo,
as escolhas não serão mais difíceis, as encruzilhadas deixam de ser duvidosas,
tudo passa a ser um longo e plano caminho de tijolos amarelos.
Caso
alcance esse caminho, faça um favor, volte e me conte como.