quinta-feira, 14 de abril de 2016

Guia do relacionamento

Não escolha uma pessoa para nunca brigar, escolha uma pessoa para sempre perdoar; brigas, inevitavelmente, ocorrerão, mas perdões verdadeiros são raros e escassos. Não procure alguém igual a você, se isso fosse o ideal, viveríamos sozinhos, cheios de nós. Não opte pelo que lhe traga uma felicidade excessiva, a felicidade excessiva possui prazo de validade e não dura para sempre, opte por quem, mesmo em situações ruins e adversas, desperte e proporcione um bem estar e o faça lembrar que vale a pena passar por aquilo. Não baseie sua decisão em uma festa maravilhosa ou em férias perfeitas, decida com base em tardes sem televisão, jogos ou música, pois aí você encontra o que lhe faz ou não bem. Não procure a perfeição, ela não existe, inclusive, o que você considera perfeito, provavelmente não o é para outros, procure no outro o que complete as suas imperfeições.
Escolha alguém para rir dos problemas, rir das contas por pagar, do fato de levantar às 5 da manhã e chegar em casa à noite somente às 22:30, da discussão de dez minutos atrás - a qual vocês nem lembram o estopim - e das marcas do tempo que teimam em surgirem nos mais diversos pontos do corpo. Escolha alguém que chore ao seu lado quando você precisar, mas que não lhe deixe esmorecer. Escolha alguém que um dia lhe acorde no sofá com um beijo lento e demorado e lhe diga no ouvido, baixinho, que está na hora de ir para a cama; e duas noites depois lhe puxe o cobertor e apenas avise que está subindo e irá lhe deixar ali mesmo. Escolha permanecer ao lado de quem ajude você a entender um pouco essa nada compreensível vida e que lhe dê a mão na hora de dar um salto sem saber onde cairão.
Depois disso tudo, não procure motivos para ficar, fique sem motivo, sem razão de ser, apenas por ser. E, talvez, ao fim de uma jornada, você olhe para o lado e se depare com o mesmo rosto de 10, 20, 30 ou 40 anos atrás. Porém, uma das coisas mais importantes é: nunca esqueça de que está ao seu lado a mesma pessoa que o fez sair às pressas da aula, o fez sair escondido de casa na calada da noite e do serviço apressado; é a mesma pessoa maluca que bebeu com você até de madrugada em uma noite fria, que foi à praia carregando um mundo de bugigangas e que dividiu o X-Burger do final da noite para pouparem para o táxi.


Agora, se nada der certo, não esquente a cabeça. Apesar de tudo, não há um manual de instruções ou um roteiro seguro para o relacionamento pelo simples fato de estarmos falando de dois seres, duas almas, duas pessoas que teimam em dividir o mesmo espaço.

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