segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Onde está o Natal?

Onde está o Natal?

Minha lembrança mais antiga do Natal é uma tarde do dia 24. Aquela expectativas mágica, aquela angústia pela chegada dos presentes. Fui para o banho, o tempo estava chuvoso, saio do banho e vejo um vestígio de pegadas em direção à sala. Eram claras evidências de coturnos, desses utilizados pelo exército, desses utilizados pelo bom velhinho. Era a prova. Quem iria discutir comigo? O Papai Noel era real. Corri para a sala, olhei no pinheiro - de plástico, pequenino, simples – uma embalagem. Retangular. Uma caixa. Sim, naquela época havia três tipos de presentes: o quadrado, que era o melhor, certeza de ser um brinquedo (depois mais tarde descobri que poderia existir roupas em caixas, maldita invenção); o incógnito, da mais variada forma, poderia ser brinquedo, bola, roupa, material escolar, entre outros; o flexível, invariavelmente roupas.
Pois bem, encontrei aquela caixa, abri com tanta calma que do papel de presente pouco era reconhecido após. Um Forte Apache! Se você não sabe o que é procure no Google. Eu queria um Forte Apache! Minha mãe aproximou-se e comentou o quanto Papai Noel era esperto e conhecedor dos segredos íntimos, descobriu o que eu realmente queria. Na verdade, poderia ser o Coelhinho da Páscoa, Batman, o meu cachorro, eu havia ganhado um Forte Apache. À noite teríamos a ceia, mas até lá, era curtir cada momento, tirar sarro da irmã, convencer o pai a brincar junto, brincar até tarde no pátio (que era enorme) e tentar dormir quando era a hora – essa estipulada pelo pai sem total participação do filho.
O Natal já não é o mesmo, a cidade não é mais a mesma, o clima já não é o mesmo, eu não sou o mesmo. Parece que os objetos mudam de tamanho e valor, quando na verdade quem muda somos nós. Se pudesse voltar no tempo, naquela chuvosa véspera de Natal, diria para o rapaz brincando no chão da área: olá, empresta seus olhos mais uma vez?


Jeferson Luis de Carvalho

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