Caroneiro
Ela
bebia o amor em doses homeopáticas, três vezes por semana. Distanciara-se das
formalidades e receitas prontas, abandonara a cartilha de como amar na sua
última experiência formal quando teve as regras burladas e desvirtuadas pelo
outro participante do “acordo”. Sentia-se livre, aprendera a concentrar suas
necessidades básicas para felicidade em aspectos seus, levava-se a si para
jantar em restaurantes quando se sentia entediada, organizava sessões de séries
regadas a generosas doses de pipocas, pedaços de chocolate e outras guloseimas.
Segura de si, desfilava pela vida sem beiras ou curvas, não precisava delas,
andava ao seu bel prazer, linha reta e objetiva, sem desvios, colocara como
meta não ter parâmetros, não olhava para o lado, não se preocupava com outros,
seguia sozinha à sua velocidade, ao seu ritmo. Certo dia, chocou-se com outro
assim, identificou-se, gostou, ofereceu um assento dinâmico para a viagem - um
dia na carona, outro dia no volante; ele não quis, ela partiu, quem dirige uma
vez sua própria vida, não aceita sentar mais no caroneiro.
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