Nada é para sempre. Absolutamente
nada. Algumas coisas demoram mais tempo para passar, outras surgem e
desaparecem rapidamente, mas nada nesse Universo é eterno. D’Alessandro também
não seria.
Vez ou outra, às vezes por acaso,
outras por méritos da astúcia e planejamento, nos deparamos com fenômenos,
fatos que ocorrem com tal intensidade e força, que surgem já despertando o
amargo sentimento da despedida tal o desejo de eternidade que possuímos em
relação a eles. D’Alessandro foi um desses fenômenos. Despediu-se há muito
tempo, ou melhor, iniciou sua despedida em 2008 quando chegou ao Internacional.
Iniciou com acenos tímidos do camarote do antigo Beira-Rio para torcedores que
assistiam a derrota do colorado para o Santos de Robinho. Mal sabiam aqueles
torcedores, que recebiam a atenção daquele argentino invocado, que estavam
testemunhando o início de um ciclo para sempre marcado na história do gigante
vermelho.
O adeus de D’Alessandro seguiu com
um título inédito da Copa Sul-Americana, simplesmente o primeiro time
brasileiro a ganhar a competição. No ano seguinte, mostrou o porquê seria
conhecido como homem grenal conduzindo, como um maestro, vitórias acachapantes
contra o Grêmio. Pobre torcedor tricolor, muitos perderam o sono devido ao
gringo abusado. Contudo, aquilo ainda era pouco para o argentino que, em 2010,
liderou um time trôpego, sem muita criatividade, mas com muita raça, ao topo da
América. Além disso, no mesmo ano, consolidou-se como o melhor jogador da
América. D’Alessandro era especial. Conquistou, a seguir, a Recopa Sul-Americana.
Como se não bastasse, nos anos que se sucederam, imperou no Rio Grande do Sul
de forma impiedosa, e um tanto cruel, sobre o maior rival do time vermelho.
Cada troféu, cada ida ao alambrado
para torcer e batucar junto à torcida, cada reposta ácida endereçada ao rival,
cada lágrima derramada foram despedidas suficientes para o torcedor. Poucas
vezes testemunhamos um jogador com relativo currículo internacional vir ao sul
do país e fincar bandeira por tanto tempo. Anos passarão e as futuras gerações
comentarão que durante 7 anos desfilou nos gramados gelados do sul do Brasil um
gênio canhoto e temperamental. Um jogador que adorava os grandes jogos,
venerava o clássico grenal, um meia como pouco se viu.
D’Alessandro sai do gramado, sai do
Beira-Rio, para se imortalizar ao lado de Fernandão, Falcão, Escurinho e outros
tantos craques que desfilaram com a camisa vermelha. Vai vestir o manto da
história, da memória, ficará, para muitos jovens colorados, como o maior
jogador que vestiu a camisa 10. Aqueles colorados que, como eu, ouviam dos mais
antigos “eu vi Falcão jogar”, agora poderão, com todo orgulho do mundo, falar:
eu vi D’Alessandro jogar! A vida é muito melhor do lado de cá, sempre foi,
obrigado por nos lembrar disso Andrés D’Alessandro. Boa sorte!
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