sábado, 28 de junho de 2014

Um dia de imperador


         O goleiro é um ser a parte no futebol. É o único dos 11 jogadores a poder tocar a bola com as mãos. Recebe como única missão evitar o que todos os envolvidos esperam: o gol. Goleiro não erra, goleiro entrega uma partida. Depois dele só há o fotógrafo. Se a geografia servisse como metáfora para o futebol, ele seria um deserto, uma área isolada. Tanto é verdade que apenas onde ele joga não cresce grama. Na hora do gol, onde ele está? Do lado oposto do campo. Em um esporte praticado pelos pés, para ele restam as mãos. Não há pai nesse mundo que deseje esse futuro ao seu pequeno futuro craque. 
        Os dois goleiros estão em um espaço transcendental do campo. Ninguém utiliza o uniforme igual ao deles. São únicos. Para poder redimir-se de um erro, têm que torcer contra seu próprio time. 
         Eis que o futebol reserva mais uma oportunidade para um deles aparecer. Quis as forças secretas, que só existem nesse retângulo verde, que um brasileiro com nome de imperador romano ficasse com os louros da vitória. Se o Brasil será campeão ou não, o tempo e as previsões dirão. Entretanto, que em um sábado de junho um país viu um jogador brilhar mais do que qualquer um, isso já não pertence a nós e sim a história.

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