Você é,
conheceu, conhece ou conhecerá. Estão espalhados aos montes por aí: pessoas que
não assumem e encaram seus erros. Eu estou no primeiro grupo. Minha roupa não
secou devida à chuva insistente no fim de semana, culpa do tempo e não minha que
não aproveitei toda a semana para lavá-la. Faltou dinheiro no fim do mês, culpa
da vida injusta e dura causada pela má distribuição de renda e não do gasto
descontrolado. Somos defensivos por natureza, você também o é, se não concordar
é porque ainda não se analisou corretamente. Falar mal de si mesmo é o mais difícil dos
exercícios.
Apesar disso,
a nossa maior falta é enquanto nação. Grande maioria das pessoas foi a favor da
realização da copa quando essa foi anunciada. Agora que ela está ocorrendo, querem
protestar e contestar veementemente contra a realização do evento. Achamos um bode expiatório para nossa falta
de comprometimento histórico em eleger políticos. Conseguimos uma desculpa para
nossa inércia diante de anos de corrupção. Podemos olhar no espelho sem
vergonha da amnésia crônica que faz com que políticos condenados por atos
ilícitos consigam se eleger alguns anos
depois. A culpa de tudo é da Copa do Mundo.
É alienação
parar em frente da televisão para torcer e assistir os jogos da copa, mas nunca
foi alienação desligar a televisão durante o horário político, reclamar por
precisar separar quinze minutos de um domingo para votar e não procurar saber o
que fizeram e deixaram de fazer cada candidato a reeleição.
Preferimos
acreditar que vivemos em uma monarquia, e a “rainha” Dilma fez tudo sozinha.
Humilhamos a representante escolhida pela nação diante do mundo. Nunca fui
defensor do governo de Dilma, particularmente acredito que cometeu inúmeros
equívocos. Contudo, é preciso lembrar que há uma estrutura governamental por
trás de tudo isso. Mais do que em qualquer outro lugar é na política que o
ditado “uma andorinha sozinha não faz verão” pode ser empregado. Apenas um
posicionamento forte e crítico constantemente nos próximos anos legitimará a
atual indignação da população. Caso contrário, tudo isso não passará de
inconformidades partidárias, modismo ou fogo de palha. Não distribuímos a
parcela de culpa com os verdadeiros culpados. Nada mais natural, não
conseguimos nem assumir a nossa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário