segunda-feira, 20 de janeiro de 2014



Viagem

                Inicia o ano e um pensamento vem à mente de todos, praia. É inevitável. Praia pode ser substituída por rio, lagoa, matagal. A ordem geral é sair da prisão de pedras e descansar. E aí entra em ação o ponto de vista ou ponto de observação ou seja lá o que for. O importante é que ele é mágico.

                Ao longo dos anos, esse movimento bucólico de busca da natureza toma contextos diferenciados dentro de nós. Sair para as férias, hoje, lembra das coisas para arrumar, do engarrafamento a enfrentar, do custo do aluguel, da gasolina, do pedágio, da alimentação, da caipirinha e da falta que esse dinheiro irá fazer nas contas do mês subsequente, em alguns casos ao longo do ano. Olhamos as férias com olhar corrompido do dinheiro. Mas não só isso. Viagem é momento para dormir e descansar. Coisa mais monótona aquela infinidade de asfalto. O tempo é nosso inimigo na viagem. O meteorológico idem, poucos sentem-se à vontade em dirigir à noite ou com chuva.

                Os olhos mais jovens são diferentes, consequentemente nós éramos diferentes. Férias eram esperadas justamente para não descansar. Lembrávamos apenas de algo recente que levantasse ainda mais a saudade e vontade de viajar. Engarrafamento era momento para contar histórias, o maior problema referente à alimentação era se comeria mais milho verde ou picolé. A distância era a única inimiga, metros eram quilômetros e esses eram eternidades. E como ficavam chateados quando perguntávamos pela décima vez se faltava muito. Será que eles sabiam que nossas brincadeiras haviam acabado? Que contamos todas as cores de carros possíveis? E a chegada? A ansiedade para colocar o pé na areia. Chuva? Noite? A melhor coisa que havia era viajar com chuva e um travesseiro para quando desse sono.


                As coisas não mudam, a viagem é a mesma, mas o tempo é implacável.

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