quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cidade do corpo


Imagine uma cidade com 100 bilhões de habitantes, todos ativos e elétricos, em constante operação. Com um trânsito desenfreado, tudo acontecendo em alta velocidade. O cenário do caos certo? E se eu disser que essa cidade funciona dentro de você, mais precisamente em sua cabeça, e ela se chama cérebro?
Nos preocupamos constantemente com nosso corpo, e costumamos tentar entende-lo. Tomamos cuidados com o coração, pulmão, fígado, rim, olhos, entre outros. Preocupação tamanha que formam, a cada dia, novos pretensos médicos nos mais variados locais. É o chá da vovó bom para o estomago, cenoura para os olhos, o amigo que diz que ouviu em algum lugar que correr é ótimo para o coração. Mas e o cérebro, onde fica nessa história?
É ”nossa cidade”que faz o corpo trabalhar, não por coincidência é um dos órgãos mais bem protegidos do corpo humano. Praticamente não há aberturas de acesso a ele, o crânio o protege em um todo como uma dura caixa óssea. Contudo, continuamos a negligenciá-lo e a não nos preocuparmos com sua saúde.
Voltando a cidade chamada cérebro. Seus habitantes recebem o nome de neurônios, que trabalham realizando ligações elétricas uns com os outros. Ou seja, um neurônio recebe um estimulo elétrico, repassa para outro, que repassa para o próximo, assim sucessivamente, até formar-se uma rota (como um jogo de ligar os pontinhos), essa rota é como se fosse a estrada dessa cidade, e é chamada de conexão neuronal. Há uma estrada para todas as ações humanas. Quanto mais se realiza uma ação, mais determinada estrada (rota) é utilizada. Como qualquer cidade, a administração do cérebro privilegia as estradas mais utilizadas dando lhes a melhor estrutura e consequentemente permitindo altíssimas velocidades nesses trechos.
Imagine você iniciando um serviço novo, cada informação nova, cada processo desconhecido, tudo se torna mais difícil. O tempo vai passando e aquilo que antes era complicado se torna fácil e automático. Por quê? As estradas responsáveis por essas funções não existiam em sua cidade cerebral. Você construiu pela primeira vez quando o encarregado do setor lhe ensinou o processo. Entretanto, em um primeiro momento ela é apenas uma estrada secundária, recém construída e pouco visitada. À medida que todos os dias em seu serviço você trilha essa rota, seu cérebro identifica a importância da mesma, e trata de reformar essa estrada, pois o fluxo nela está intenso. Dessa forma, você passa a acessar a informação de forma extremamente rápida e assertiva. Enfim, você aprendeu as tarefas do novo serviço.
É preciso treinar e estimular o nosso cérebro a criar novas estradas (conexões). Um cérebro em constante movimentação e mudanças ajuda a prevenir problemas de desempenho como a perda de memória. Em matéria de criar novas conexões no cérebro, nada melhor do que leitura.  A leitura faz com que novas rotas sejam criadas constantemente, a cada informação nova recebida, ou seja, ler faz bem e muito para o cérebro. Ao ler esse texto, você esta criando novas rotas nesse exato instante. Conhecer novos lugares, pessoas, manter uma vida social ativa, são ações que igualmente auxiliam a manter a saúde cerebral.
Pense no coração, no fígado, no pulmão, enfim no seu corpo. Mas não esqueça que tudo isso funciona graças a uma cidade desconhecida por muitos, mas que é a chave para praticamente tudo, o nosso cérebro. Portanto exercite-o, cuide-o, mantenha-o vivo e ativo, pois no futuro você poderá sentir falta dele.

  Jeferson Luis de Carvalho

Um comentário:

  1. Expande esse texto e mande para professora Onice publicar no Universo das Letras, tudo a ver com o que estávamos trabalhando na disciplina dela, só que em dimensões bem mais claras e por isso gostoso de ler. Bela crônica!
    Parabéns por mais essa! Bacana!

    ResponderExcluir